A cada página que passa, o que tento encontrar, mais distante me parece ficar. As palavras embaralhadas sob meu olhar ficam cada vez mais difíceis de decifrar. O mar de autos, atos, credos e fatos se diferenciam entre si Não pelo motivo, não pelo formato ou pelo que parece ser, mas pelo sentimento que encontra aqui dentro e que não dá para ver. Mais estranho parece ficar a cada vez que tento cavar o que tanto quero alcançar E a cegueira que não sei se vem de mim ou de outro ser, se é intencional ou só não me deixa ver Aquilo que supostamente iria transformar, melhorar, solucionar meu ser. Será ? Se existe tanto essa solução, me questiono o porquê de ser tão difícil de atingir Por que não está escrita grifada, destacada, sublinhada, em caixa alta? Ou será que está em uma língua que não consegue ser decifrada? No fim, não importa. E no mar que dentro de mim, e a cada dia mais, se enche e espaço não deixa Decido deixar que as linhas me guiem e a utópica solução se imerja. João V
Era tarde de um dia claro e o sol já estava quase chegando no oriente. Tentava equilibrar em minhas mãos todas as responsabilidades das decisões que tomei. Quanto mais tempo se passava, mais meu coração se apertava. Suas batidas já não era melódicas como um ballet mas marcantes como o bumbo da Salgueiro. Decidi ir para casa e deixar o restante do trabalho pendente para o dia seguinte: ser seu próprio chefe tem suas vantagens, pensei. Meu telefone não parava de tocar mas não tive vontade de conversar com ninguém, já que não conseguia conter e entender meus próprios pensamentos. Aplaquei, caminhei, cheguei. Em casa, Sima, minha filhote de beagle, veio me receber e, esperando algo a mais, aguardou em meus pés próximos à porta. Sentei ao chão ali mesmo e fiquei com ela por alguns minutos. Ela, sentindo o mesmo sentimento que eu, se deitou em meu colo na tentativa de me confortar. Infelizmente, o que faltava não poderia ser buscado como um brinquedo após ser lançado ao vento. Não po